Olhar cético

22/06/2012 16:23

“Não há provas da existência, mas também não existem provas que comprovem que Deus não existe.”

 

     A dúvida é o principal mecanismo do ceticismo. A pessoa é movida por perguntas e incertezas para interpor uma ideia estabelecida, questionando várias ideias dentro da sociedade. O mesmo ceticismo dogmático é utilizado por aqueles que combatem a Teoria da Evolução e que defendem o Mito da Criação segundo o Gênesis sem questionar a Origem das Espécies de Darwin, e criticam o darwismo. Não questionam as descobertas arqueológicas e geológicas, dos registros fósseis, dos estudos de genética e taxinomia (ciência da classificação) dos animais.

     Os questionamentos giram em torno da verdade, acreditando que nem tudo é como se pensa. “Olhar a distância”, “examinar”, “observar” define a doutrina que afirma que não se pode obter nenhuma certeza absoluta a respeito da verdade, o que implica numa condição intelectual de questionamento permanente e na inadmissão da existência de fenômenos metafísicos, religiosos e dogmas.

     Os intelectuais acreditam que essa teoria teve sua origem na Grécia Antiga e foi fundamental para grandes avanços da humanidade. Há duas formas de ceticismo: o filósofo que avalia os pensamentos e o cientifico que tenta encontrar explicações para as pesquisas dentro da ciência. Um dos setores que mais questiona o ceticismo é o religioso. Já a ciência e toda a tecnologia existem porque pessoas movidas pelo não conformismo de não saber indagam, examinam, enfim praticam o ceticismo.

     O filósofo Carl Sagan afirma: "Nós encontramos (o ceticismo) todos os dias. Quando compramos um carro usado, se formos minimamente inteligentes nós exercitaremos pelo menos um mínimo de atitudes céticas. Se nossa formação escolar tiver deixado alguma coisa. Você pode dizer ‘este sujeito parece honesto. Eu vou acreditar em tudo que ele disser'. Ou você pode dizer 'bem, eu ouvi dizer que às vezes acontecem pequenas fraudes na venda de um carro usado, talvez sem o conhecimento do vendedor' e aí você faz alguma coisa. Você chuta os pneus, abre as portas, olha sob o capô (você pôde fazer tudo isso mesmo se não souber o que deveria estar sob o capô, ou pode trazer um amigo com queda para mecânica). Você sabe que algum ceticismo é necessário, e você entende por quê. É desagradável que você talvez tenha que discordar do vendedor ou lhe fazer perguntas que ele não queira responder. Há ao menos um pequeno grau de confrontação interpessoal envolvido na compra de um carro usado e ninguém diz que isso seja especialmente agradável. Mas há uma razão boa para ela, porque quem não usar um mínimo de ceticismo, quem tem uma credulidade absolutamente irrestrita, provavelmente depois pagará algum preço por isso. Aí irá se arrepender por não ter feito um pequeno investimento em ceticismo. Mas você não precisa passar quatro anos em um curso superior para entender isso. Todo mundo sabe disso. O problema é que carros usados são uma coisa, e comerciais de televisão ou pronunciamentos de presidentes e líderes de partidos são outra bem diferente. Nós somos céticos em algumas áreas mas, infelizmente, não o somos em outras."

Voltar

Deixe seu comentário

Nenhum comentário foi encontrado.